Resenha: Vick – Anne Amorim


Eu me chamo Vick. Não sei quem eu sou. Não conheço o meu passado, meu presente é horrível, e meu futuro é incerto.
Vick não se lembra de como foi parar na casa de Ivan. Seu passado, quem ela é ou qual é a sua família são incógnitas. A única coisa que tem certeza é de que seu presente é insuportável demais. Ela odeia o toque de Ivan e as coisas que é obrigada a fazer para continuar vivendo. A sua única solução é fugir. Mas, para aonde? Vick não tem dinheiro e não conhece ninguém que possa lhe ajudar. Mas qualquer coisa é melhor do que continuar no único lugar que ela conhece. Ela irá atrás de uma vida melhor e quem sabe encontrar o seu passado para tentar ter um futuro. Será possível escapar de Ivan? Conheça a história da Vick. Uma menina sem passado, com um presente cheio de monstros e um futuro incerto.

Vick é um romance nacional, escrito pela autora Anne Amorim e publicado pela Editora Planeta Literário, cuja narrativa descreve, de forma violenta e realista, o terror vivido pela personagem desde que fora sequestrada, ainda criança.

Com uma narrativa minuciosamente violenta e realista, capaz de embrulhar o estômago de qualquer pessoa sã, Vick nos apresenta a um mundo cruel e desesperador perfeitamente possível de existir entre quatro paredes e em qualquer vizinhança. Vick acaba de se tornar adulta, mas já viu o pior do mundo. Ainda criança foi sequestrada por Ivan e mantida às escondidas por ele e seu pai horroroso, sofrendo todo tipo de violência física e psicológica, sem ter a quem recorrer ou como fugir. Apesar do terror vivido por ela por tantos anos, ela está mais forte, mais decidida e destemida. Certa de que precisa fugir, custe o que custar, ainda que não saiba nada do mundo lá fora, ela toma a decisão e encara o fim ou o recomeço de sua vida.

O livro é narrado pela própria Vick (mas também apresenta alguns pontos de vista de outros personagens ao longo da história), que mesmo sem saber nada a respeito do mundo, ainda espera que qualquer coisa seja melhor do que a prisão onde vive. Ela cresceu com o pior e só conhece as coisas ruins que podem ser provocadas a uma garota, mas apesar da dureza de seus dias, sua mente ainda mantém aquela inocência infantil. Assim, a narrativa consegue ser extremamente técnica e desprovida de sentimento (quando Vick descreve as coisas horríveis que sofreu), mas também infantilizada (quando a garota pensa na vida que pode ter). Os diálogos me incomodaram bastante durante a leitura, com muitos clichês e pouco realismo (ao contrário da situação de Vick). A própria personagem, deixa a desejar a partir de dado momento. Toda a força que ela demonstra a princípio acaba sendo superada pela expectativa de um romance água-com-açúcar que não conseguiu me agradar. Entretanto, a trama é realmente boa e, apesar dos eventos surreais que acabam sucedendo a tentativa de fuga de Vick, gostei muito dos detalhes que amarram a história, especialmente no que tange os encontros e reencontros. 
 
A leitura me provocou um certo desconforto, para ser sincera. As atrocidades vividas por Vick são terríveis e, infelizmente, acontecem por aí no mundo real. É triste e quase inacreditável. Acho que a história, neste ponto, cumpre bem o papel de alerta travestido de ficção e eu recomendo.

Eu irei, Ivan. Viva ou morta, eu irei sair daqui, e isso é uma promessa.”

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