Resenha: Phaenomen, de Erik L'Homme – Editora Prumo




Analisando o catálogo da editora Prumo, um livro desconhecido me chamou a atenção. Nunca havia ouvido falar do título ou enredo e fiquei bastante curiosa a respeito. Com o livro em mãos, fico feliz em confirmar minhas suspeitas, já que o mesmo é, surpreendentemente, bom.

Para o pessoal da Clínica do Lago, Violaine, Claire, Nicolas e Arthur são simplesmente quatro adolescentes loucos, estúpidos e inúteis. Isso até que o único médico que realmente se importa com eles é sequestrado e os jovens resolvem escapar da clínica para encontrá-lo. Repentinamente, os quatro são levados a uma aventura incrível e tem de enfrentar seus medos para salvar o Dr. Barthélemy. Em uma saga de tirar o fôlego, os jovens se dão conta que também estão prestes a descobrir um dos maiores segredos do século XX. A vida deles nunca mais será a mesma. A história da humanidade também não. Uma perseguição emocionante, em que os quatro adolescentes terão de mergulhar na fonte de suas supostas deficiências para descobrir que, na verdade, elas são seus grandes poderes sobrenaturais e sua única esperança.


O livro é narrado em 3ª pessoa, mostrando o ponto de vista de diversos personagens, inclusive o do suposto vilão. O cenário se encontra entre os alpes suíços e a beleza da França. Os personagens são simples e, ao mesmo tempo, complexos, além de encantadores, cada um à sua maneira. Tudo é abordado de forma rápida, mas sem perder a profundidade necessária.

Violaine está internada por causa de suas loucas visões envolvendo dragões muito familiares; Claire foi deixada na clínica por culpa de suas estranhas teorias a respeito de sua origem; Nicolas não vive sem seus óculos escuros, mesmo nos ambientes internos; e, por fim, Arthur desenha macacos para atenuar a pressão do conhecimento e da memória. O que eles têm em comum? Todos foram deixados na clínica como pacientes irrecuperáveis. Apesar de suas loucas diferenças, eles se tornam amigos, compartilhando seus medos e problemas. Infelizmente, a clínica é um lugar bastante desagradável, considerando seus funcionários, que costumam agir de forma preconceituosa e tendenciosa quando se trata dos pacientes. As coisas só melhoram mesmo com a chegada do Dr. Barthélemy, que é atencioso e paciente com os meninos, além de receptivo às confissões bizarras.

A situação se transforma, de repente, quando o querido doutor é sequestrado, deixando uma única pista do motivo. Leais, os garotos decidem fugir para conseguirem uma forma de salvar o médico. Claro que nada disso é fácil quando se juntam quatro adolescentes recém fugidos de uma clínica para loucos, que não podem contar com a ajuda da família ou dos próprios pais. Além disso, eles têm que aprender a lidar com suas anomalias/poderes, que estão mais fortes do que nunca sem os remédios inibidores. Tais poderes, seja lá qual for a razão de existirem, podem ser bastante úteis na jornada, fazendo com que os garotos procurem usá-los, ao invés de escondê-los. 

O que, no princípio da leitura, parece realmente fruto de problemas psicológicos, logo se torna apenas um detalhe da trama. Com o decorrer da história, descobre-se algo a nível de conspiração, com o poder de alterar concepções do mundo inteiro. A combinação de ingredientes como poderes e história mundial, bem como o levantamento de uma questão que imagino ser do interesse de todos, acabou se mostrando simples e inteligente. Confesso que fiquei muito surpresa com o rumo da história, especialmente com a explicação final. Como já disse, a trama é surpreendente e não apela para grandes reviravoltas, tendo um ótimo desfecho.

O livro é pequeno e cheio de citações muito interessantes, além de ser o primeiro de uma série que não sei se terá continuidade no Brasil, mas já aviso que se houver, vale a pena esperar!

Ela estava deitada, enroscada no chão frio da caverna. Atrás, ao fundo, escondidos à sombra, os dragões rosnavam suavemente e suas escamas rangiam contra a pedra. Os olhos deles brilhavam, amarelos, vazios, ávidos. Eles a observavam e esperavam.

(...)Eles formavam uma equipe de estropiados na qual nem o mais louco dos jogadores apostaria um centavo! A tripulação de uma galeria sombria, onde o menos estropiado no momento assumia o comando e cuidava dos outros... Deplorável.

- É mágica – comentou com simplicidade Clarence que, apesar de dominar perfeitamente os aparelhos, já havia desistido de compreender a informática.

- É impossível – Claire falou, sacudindo a cabeça. - Não dá para mentir por tanto tempo para o mundo inteiro.

- Vou revelar um segredo, um verdadeiro: um é igual a dez. O que quero dizer, é que o número não prova nada. Sendo assim, um único homem pode ter razão mesmo se outros dez não pensam como ele.

- Isso quer dizer que no monte Machin vamos encontrar as provas do maior blefe da história?

3 comentários:

  1. Uau, a França já é um cenário belíssimo para um livro. Parece ser bacana!

    Nina & Suas Letras

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  2. Nossa que bacana, super diferente. Também não conhecia este livro, nem o autor.

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  3. Por mais que o livro pareça ser bom, eu não consegui sentir vontade de ler, acho que por não ser meu gênero de leitura.

    Beijos
    Pepper Lipstick

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