Resenha: Híbrida, da Mari Scotti




O primeiro livro da série Neblina e Escuridão, escrita pela Mari Scotti, além de uma capa linda, possui um enredo bastante intrigante, apesar de falar sobre criaturas sobrenaturais bem conhecidas. Com uma clara inspiração em Stephenie Meyer e um suspense bem pensado, a trama, que poderia ser apenas mais uma, é na verdade, uma boa história de vampiros e lobos. Publicado pelo Selo Novos Talentos, da Novo Século, é mais uma surpreendente amostra nacional.

Por toda vida Ellene teve a sensação de ser diferente de seus irmãos e dos moradores de sua vila, pois não adquiriu características de lobisomem como era esperado, e afastava-se cada vez mais desta natureza. Com um espírito rebelde, resolve desvendar o passado em busca de sua verdadeira origem. O que não planejava era entrar no meio de uma rixa entre vampiros, a raça que aprendeu a temer e odiar desde menina. Para piorar, seus pesadelos voltaram: sonhos com um homem misterioso de olhos ameaçadores, envolvido por uma densa neblina. Há quase cem anos a rainha dos vampiros fora sequestrada e seu marido, Milosh, desde então busca incessantemente encontrá-la. O tempo é escasso e as autoridades do Conselho desejam eleger um rei omisso e cruel em seu lugar. Na tentativa de tardar a mudança, ele se une a maior inimiga da rainha. Qualquer erro pode condená-lo a morte e subjugar todos os seus iguais. Ellene e Milosh mal sabem que o que buscam os colocará frente a frente, em uma trama de intrigas, poder, amor e ódio.


A narrativa é em terceira pessoa, dando margem para que o leitor conheça vários pontos de vista, embora o foco esteja em Ellene e Milosh. Ao contrário dos familiares e amigos lobos, Ellene não é nada como eles. Seu crescimento, além de retardado, também não trouxe os mesmos “dons” comuns ao outros de sua espécie. Logo, sabendo ser adotada, começa a desconfiar de suas origens, ou melhor, passa a questionar qualquer fato relacionado a seu passado, desde as raras memórias até os pequenos artefatos que herdara.
Um detalhe muito legal no livro é que, apesar da menção do amor, não há grande foco em cenas românticas. Na verdade, existe uma boa dose de romance sugerida, mas nunca o suficiente para fazer o leitor se ater a isto e esquecer do grande mistério que ronda a vida de Ellene. Confesso que, como de costume, não gostei muito da protagonista. Achei-a uma pouco chata e inconsequente, apesar da situação complicada em que se envolveu. Seu amigo lobo, Tom, também não me convenceu com seu histórico de amizade colorida e atitudes insossas. O troféu de melhor personagem de Híbrida vai para Milosh, o vampiro devotado e parte de um mistério envolvendo também Ellene.
A trama inteira gira em torno do mistério que é a origem de Ellene e que, aparentemente, parece envolver Milosh, o desconhecido que ronda os sonhos da garota desde que se lembra. O que quer que seja a ligação entre os dois, parece ser parte de algo ainda maior, influenciando todos os seres sobrenaturais e suas regras. Dadas tantas pistas e enigmas, em certo ponto do livro, é impossível que o leitor não formule suas próprias teorias. Eu mesma, tenho uma bem absurda e que ainda não descartei.
A escrita da Mari é muito clara, mesmo quando a descrição se torna obscura por tratar de lembranças, sonhos ou visões. O regionalismo também é um fator que costuma me encantar bastante em um livro, especialmente se for nacional. O fato de a história se passar em São Paulo não tira nenhum pouco a visão provinciana da vida dos vampiros, e nem mesmo da vida campestre dos lobos.
Infelizmente, o livro termina sem um final plausível, mesmo para uma série. A impressão que tive é que a história foi cortada no meio, para que houvesse uma continuação. Nada contra, mas foi um pouco frustrante terminar o livro apenas com minhas próprias teorias, sem qualquer resolução palpável. Ainda mais triste é saber que o próximo não será publicado tão cedo...

- Eu sei que o meu metabolismo é lento, e sei que demorei um século para aparentar ter um ano de idade, mas eu me lembro bem de você estudando quando eu era pequena.

- Eca, não bebo sangue! - Fez uma careta e, em seguida, se desculpou – Não que eu condene quem o faz... ou melhor, condeno... enfim... não bebo sangue.

- Eles são maus, eles fingem, enganam, traem. É da natureza deles!

1 comentários:

  1. Oi Camilla, adorei a sua sinceridade na resenha!
    Obrigada pelos elogios e também as reclamações, se tem algo que eu gostaria de acrescentar no livro, é mais um capítulo.
    Por ser meu primeiro livro e a falta de conhecimento no Mercado Literário, acreditei que terminar desta forma faria os leitores ficar mais ávidos pelo próximo, mas hoje, vivenciando a literatura mais de perto e sabendo o quanto as editoras demoram a publicar séries nacionais, me arrependi de não ter fechado alguns pontos, principalmente os que ligam Milosh e Ellene.
    Mas fique feliz, no proximo livro conto muito mais e tenho certeza que amará!
    Obrigada por seu carinho postando resenha!
    Beijão,
    Mari Scotti

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