Antes de qualquer coisa, Puros é um
livro muito bom, mas cheio de detalhes perturbadores. Não sei como,
mas depois de ler sobre um mundo como o de Katniss Everdeen (de Jogos
Vorazes) não esperava encontrar algo tão bizarro quanto o que
encontrei em Puros.
Existe um mundo antes e um depois, mas
Pressia, uma das sobreviventes da grande explosão, não se lembra
muito do antes. Ela só sabe que não há mais diversão coletiva ou
pessoas normais. Vivendo com seu avô, escondida para que não seja
recrutada pelas violentas forças que perseguem os jovens, ela segue
a vida com muito pouco. A vizinhança é formada por pessoas como
ela, que sobreviveram e permanecem marcadas, das mais variadas
formas, por cicatrizes impressionantes. O mundo é um lugar perigoso
e sem esperanças, nada mais pode ser perfeito, ou mesmo, próximo a
isso.
Em meio a tanta destruição e pessoas
mutiladas ou fundidas, não há nada mais perfeito do que o Domo, o
refúgio daqueles que escaparam antes das explosões. Quem vive lá
esteve e continua a salvo das condições apavorantes e nada
saudáveis de fora. Partridge é um Puro e descendente de um rosto
poderoso no Domo. Ainda assim, não considera sua vida perfeita após
o suicídio do irmão e a falta de notícias da mãe, que não chegou
a tempo no Domo e teria morrido nas Explosões. O refúgio de tantos
puros, agora mais parece uma prisão.
O caminho destes dois sobreviventes do
apocalipse se cruza e uma jornada dura e quase sem chances de dar
certo se inicia. Descobertas assombrosas e, ao mesmo tempo, especiais
não só os aproximam, mas também lhes direcionam a novos rumos.
Puros é o tipo de livro que conforme
você lê, acaba proferindo uma pequena série de
palavras-que-não-devem-ser-faladas. É uma grande loucura o mundo
que essa Julianna Baggott criou. A história passa, o tempo todo,
algum tipo de dor e angústia. Você se pergunta também como ninguém
nunca pensou em algo assim, tão criativo e perturbador. Não é
terror, mas te impressiona porque você é forçado a ver o lado
científico da coisa, o que é assustador. Contudo, em meio a tanta
imagem horrível que te vem à mente, pequenas atitudes de pessoas
tão sofridas em prol de outras emocionam e você acaba vendo beleza
num mundo tão feio. Existe uma luta entre o lado prático das coisas
e o lado psicológico que te influencia a ver dois lados de uma moeda
rapidamente. Cada personagem tem uma dor diferente e vive com isso da
forma que lhe convém, mas alguns realmente te deixam arrepiado.
Confesso ter ficado chocada quando comecei a entender certos detalhes
importantes no livro e ter pensado que o rumo tomado não me
agradaria, que seria feiura e imperfeição demais para continuar a
leitura, mas tive paciência e a recompensa foi boa. Impossível não
relacionar o futuro deles com nosso presente quando a realidade não
está tão longe da ficção. Um pouco triste também...
Um fato me desanima um pouco: a
história tem continuação. A sequência de um bom livro é algo
arriscada, mas acaba sendo inevitável para um livro como este, com
muita informação que necessita de um bom desenvolvimento. A
proximidade do absurdo relatado no livro com nossa realidade não
pode ser alterada sem estragar a obra e só nos resta esperar para
ver.
Acabei de ler este livro e amei encontrar uma resenha fresquinha dele aqui! <3
ResponderExcluirAmei o mundo que a autora criou para os sobreviventes. Sim! é angustiante demais, mas é isso que deu ritmo para minha leitura. E as pessoas fundidas? Um tanto grotescas, mas um elemento completamente novo. Eu sei que é "desnorteador" demais pensar num mundo atingido por radioatividade que desenvolva seres assim, mas tudo é possível, não é mesmo?
Um beijão,
Pronome Interrogativo.
www.pronomeinterrogativo.com
Pois é, fantástico o que a autora conseguiu nos passar mesmo!
Excluir