Cinquenta Tons de Cinza, de E. L. James



Pegue uma fanfiction bem-sucedida de Twilight (Crepúsculo), altere o nome e características dos personagens principais, transforme a história resultante em livro e publique sem qualquer preocupação com forma e acabamento. O resultado dessa reunião de fatores é um dos maiores fenômenos da literatura popular contemporânea, ou seja, Cinquenta Tons de Cinza (Fifty Shades of Grey), publicado no Brasil pela editora Intrínseca. Irônica e decepcionante, a situação fica ainda pior quando descobrimos um teor erótico mal descrito e fraco, que não acrescenta nada, nem mesmo ao leitor mais inocente do mundo.

 
Anastasia Bella Swan Steele é uma universitária desastrada, inexperiente e quieta que se conforma em manter um bom comportamento e não fazer qualquer coisa fora de sua rotina. Tudo começa a mudar quando sua amiga adoece e precisa ser substituída em uma entrevista para o jornal da faculdade. A pessoa a ser entrevistada é ninguém menos que o jovem e bem-sucedido Christian Grey e, já em seu primeiro encontro, Ana quase põe tudo a perder com perguntas indiscretas para as quais não estava preparada. Felizmente, Grey acha interessante o comportamento da jovem e se mostra muito gentil e atencioso. Aos poucos, novos encontros começam a demonstrar toda a tensão entre os dois e eles já não podem se evitar.
De um lado, Ana, um peixe fora d'água no mundo adulto e bem-resolvido; de outro, Christian, um ás no mundo da luxúria e outras coisinhas mais. O óbvio e absurdo acontece, eles se apaixonam. Agora, ela tem que mudar a forma como vê a vida para estar com ele, enquanto o mesmo diz que ela deve concordar com certos termos contratuais (e escritos!) se aceitar ficar a seu lado. A pobre garota inocente se vê em dúvida, pois o que o jovem milionário propõe são situações muito peculiares, que revelam que o cara é, simplesmente, um maníaco. Daí para frente, a história só fica pior. Ana se recusa a assinar qualquer acordo, por medo ou frescura (vai saber!), mas consegue que Grey faça, praticamente, todas as suas vontades.
O homem maduro e dominante se torna o garotinho inseguro que precisa pedir desculpas depois de dar uma surra na namorada. A garota inocente e insegura leva o cara na conversa até o final. Ele não abre mão de seus rituais sadomasoquistas e ela concorda, tacitamente, com quase tudo. É uma loucura de contradições e detalhes sem-noção que não chocam ou causam polêmica alguma. Temos um Edward Cullen mandão e humano e uma Bella Swan Bella Swan (isso mesmo). Não há nenhuma novidade nas cenas calientes e você fica esperando a grande cartada final, mas esta não vem.
O livro é uma tentativa bem-sucedida (infelizmente) de apresentar um romance adolescente às mulheres adultas. Confesso que quando comecei a ler pensei que Christian era um vampiro e que a parte erótica era só uma pegadinha da sinopse. Não sei como se pode transformar algo como esta história em uma trilogia. Não é possível trazer novos fatos e desenvolvê-los bem sem que haja drama, o que não é o caso mesmo, então... 
P.s: Esta resenha não deve ser levada a sério, já que todos os livros da trilogia são líderes em venda. Contraditoriamente, se estou fazendo uma resenha é porque não é tão insignificante. Leitura é leitura, certo?

2 comentários:

  1. Eu peguei o livro emprestado com um amigo que comprou mas desistiu de ler logo nos primeiros capítulos. Acabei concluindo o que eu já sabia: o livro é sem graça e sem enredo nenhum. Nem as partes de sexo salvaram o livro da desgraça, além do livro ser (muito) clichê. Até agora eu to tentando entender todo esse sucesso e atenção que o livro recebeu.

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir

Gostou do post? Por que não faz um comentário e deixa uma blogueira feliz? :)